Eu, eu mesma e as palavras



E numa tarde quente, me vi fugindo de rimas vulgares a narrar o duelo sentimentalista que me faz disparar o peito.
Ops!
Passei tanto tempo “sem sentir” que mal recordava dessa condição.
De um lado o apego a razão, bravejando sobre como isso parece banal.
Do outro a vontade de quebrar a cara, implorando afeto e consideração.

Diante um céu de possibilidades mais coerentes, pára o tempo enquanto eu me lembro de apreciar a loucura de pouco entender  sobre quem sou  e ainda assim deixar que ansiedade de saber como realizar cada desejo tome conta dos meus pensamentos e salte para tela como insetos atraídos pela luz.

Nós

Não se preocupe, guarde seu medo e saiba que eu tenho coragem por nós dois.
Quando chegar a noite, contaremos nosso segredo às estrelas, mas não a todas e nem todos os detalhes.
E se alguma cair, ah, que nos desejamos cada vez mais.
Um dia lembraremos disso: jovens famintos, de ego inflado e desejos inflamáveis.
E não haverá mais certo ou errado. E não haverá mais medo.

(Nem tempo)
(Nem senso)


Guerra


Escapa-me a razão em cada vã tentativa de controlá-la.
A terra gira sob meus pés enquanto o universo desaba sobre meus ombros e nada pesa mais do que a consciência de que eu estou cada vez mais envolvida, mesmo sem saber do que realmente se trata essa situação.
Não há saída que satisfaça o desejo sagaz que toma conta do meu corpo sem desordenar  a quase atingida busca pelo equilíbrio mental.
Se ao menos houvessem palavras que explicassem, tamanha incerteza logo se renderia a um dos dois lado da força e seja lá qual fosse, desde que o fizesse com clareza, inclinaria para onde o vento soprasse e me agradaria dos assovios leves quando vez ou outra a brisa sibilasse na contramão.


                                                   

Não tão feliz



Ah aquele sorriso que me desafia, me fazendo pensar se é felicidade ou ironia.
Questiona-me sobre os mais vis conceitos e contradiz toda lembrança em cada novo gesto.
Rasga-me feito papel rabiscado, amassado no bolso molhado pelo suor dos beijos não dados.
Regras inventadas  e que já  não podem ser quebradas.
Se era amor, eu já nem sei.
Se é fantasia, jamais saberei.
Por que se não se pode falar, de nada adianta amar.

Feito tecido de algodão



Me viu juntar todas as pontas sem nós que ainda restava.
Me viu acenar sem saber se me despedia ou se te chamava.
Me viu cair feito chuva a inundar seu chão.
E agora, não me importo se seus olhos quando me veem,  ardem ou não.

Tão longe quanto puder alcançar


Abra os olhos e me diga o que está acontecendo
Conte-me sobre os monstros sufocados no armario, para onde eles irão quando não sobrar mais nada?
Será fácil se você puder deixar tudo pra trás.
Sem pensar, sem exitar.
Sinta a coragem espalhar pelas suas veias e venha comigo.
Mantenho seu peito aquecido em troca de uma canção quando eu adormecer,
Vamos sussurrar palavrões quando estivermos tristes e rir quando passar.
Não precisamos de nada disso, podemos sentir o fogo sem nos queimar.