Simples

Medo.
Do escuro: Asco.
Medo de a noite acabar: Receio.
De mim: Acovardo-me.
Aversão.
De todos. De tudo.
Temo.

Em um Lual

Amor tem sabor de uva que depois vira vinho.
Nutre e embriaga...
De um lado, o medo.
Do outro, a desonra.
É assim: Coerente e exilado.

Sem Você

Adormeci relutante, tive medo de sonhar.
Temi vê-lo novamente, adentrar na minha imaginação sem que eu pudesse impedir.
O faz sem esforços,
Vem tenebroso a me assustar, com o olhar confuso e sorriso malicioso.
É um cafajeste angelical.
Me apaixonei pela pior espécie.
A irresistível.

Madrugada

Apagaram as luzes, mas continuo acesa...
Eu posso gritar e ninguém será capaz de ouvir,
Não pelo silêncio.
Não pelo escuro.
Mas pelos desejos abafados pelo medo,
Medo esse subjugado.
Acompanhado.
Por podridão
Desde os dedos dos pés aos fios de cabelo.
Tudo cheira a sujeira,
Por onde estive e o que andei fazendo...
Não importa com quem, muito menos por que.
Borrões, na tentativa de apagar um passado ainda pior.
Me entrego, me perco.
E de nada adianta.
Vira e mexe, volta.
Todo arrependimento jogado pela janela.
Todo sentimento guardado.
Serve de comparação, apenas isso.
Semelhante no lugar daquele que foi proibido.
Finjo não saber de mim, mas sei bem onde ele está.
Ele ouve a mesma canção e canta para mim, o que eu sussurro sem pensar.
Até a noite acabar.

( Ou até que um ou outro se canse de esperar. )

Indelicadezas

Sai.
Ou fugi, tanto faz.
As palavras me sufocavam.
A injustiça se confundiu com inveja e se transformou em ira.
Me consumiu.
Me perdi.
Esparramei minha doçura e deixei cair minha afeição.
Os atos feitos com prazer foram substituídos por outros realizados com petulância.
Perdi.
Nem tentei.
Ela vale à pena, mas me recuso a disputar com ele.
O que fiz, em vão.
O que sinto, menosprezado.

o Preço

Para mim, ele era um tolo quando disse que se arrepender é preciso.
Falava como devemos sofrer com os erros para o aprendizado valer a pena.
Naquela época eu acreditava que a plenitude estava em fazer o que queria.
Negar os desejos e conter palavras maldosas ou inventadas eram inadmissíveis.
Ainda com algum recato, tive experiências fantásticas.
Umas dignas, sim, outras imorais, talvez até ilegais.
Eu faria tudo de novo, se não soubesse das conseqüências.
Se ainda fosse imatura o suficiente para acreditar que estava certa.
Hoje, eu me arrependo e temo pelo que ainda terei que pagar.