Carta para alguem que não sabe ler!

O pensamento não acompanha o ritmo dos fatos,
Enquanto tento justificar o imaginário, esqueço de explicar o que está diante dos olhos.
Palavras certas tornam se cada vez mais escassas quando a incerteza é cultivada.
A idéia de quem está parcialmente do lado de fora não condiz com o que vivo e confesso pensei que seria mais fácil. Ou seria mais forte. E o que os outros pensam ou sentem nunca me inquietou, tomo minhas decisões pensando num eu freqüente submerso.
Já não ouço as mesmas musicas, já não vejo TV e o que julgava eterno não faz parte do meu futuro. As letras que traduziam com exatidão o que eu sentia, agora expressam desigualdade.
Lembranças vêm e vão, com freqüências alternadas e valores mutáveis. Já não é igual, é tudo diferente com ressalva de que permaneço controvérsia...
Gosto desse quebra-cabeça! E quando peças são adicionadas voluntariamente, contemplo o motivo. Complicar, por prazer de resolver.
Coisas de Tamiris! E me disseram que isso é normal, coisas de gente humana, será que julgava não ser?
Hoje busco a imparcialidade, é hora de jogar na defesa. Momento de a garotinha ser apenas uma garotinha, mesmo com um desejo enorme de tomar as rédeas.
Chega! Não quero ser diferente ou ser o que convém.
E as coisas que dependem de mim, haverão de entender que eu necessito mais.
Não tenho historias fantásticas pra contar, e não as crio em fantasia, eu sou assim e não quero mais. Vida, viver, todo adolescente sem causa chega a questionar, eu não.
Só me falta um ideal, “quiçá” uma motivação...
Talvez mais uma vez, não esteja no caminho certo, mas se aqui cheguei sendo tão errada, definitivamente não há problemas em persistir.
SIC: “Eu não entendo porque as pessoas as pessoas simplesmente não fazem o que tem vontade de fazer e pronto!”. Eu não sei o que o levou a dizer isso, mas é sensato e raro acontece, buscar o melhor, o mais apropriado e em momentos de fraqueza o mais fácil, colocar desejos num plano surreal e os deixar fora de alcance! Isso é covardia, optar pelo conveniente e abandonar a sinceridade perante si.
Rótulos. Valores imaginários. Liberdade, quem sabe está na duvida, na destruição de tudo que não passa de conseqüência da convivência?
Por quê? Medo de fracassar, quem sabe? Freud explica as síndromes mais insignificantes, e a razão insiste em não convencer. Fugir, recuar quando precisa ser útil.
Onde está a imponente que reflete no espelho alheio? Cadê a majestade que se julga capaz? Ou a encontro ou assumo de vez o papel de frágil, vulnerável e carente. Meu Deus, isso não combina comigo, então por que insisto em não fazer o que quero? O que me prende? Quem disse que minhas pretensões são inatingíveis? Frases prontas costumavam responder essas questões. Hoje não mais.
Vamos culpar o tempo, a idade que avança o corpo que se modifica e a mente que crê num momento certo!
O tempo. Se pudesse para-lo enquanto resolvia o que eu queria, se pudesse da-lo a quem eu queria que pensasse, se eu pudesse voltá-lo erraria de novo (mesmo sabendo), contudo tentaria pensar um pouco mais ou menos conforme necessário.
Se não fossem os “xuxus” a vida seria um mar de rosas? Flores não estão nas minhas preferências. Crises, fases que passam, voltam e me faz forte e fraca. Aspectos de uma realidade vaga que fazem meu eu vago.
Não faço parte de um grupo de exibicionistas, só apareço quando me enxergam, e ser vista não me basta.
A razão me foge, todavia insisto em críticas e escolhas.
Chega de por quês que nunca me levam a lugar algum. Chega de Talvez que nunca acontecem e chega de “se” que só me faz questionar.