Acordar

E quando despertar,
Notando o clarão que te espera,
Saiba que ele também é meu.
E eu queria estar contigo.
Mas a alma cala as palavras
Que não dizem o quanto quero.
Com teorias de botecos,
Que agrega a razão de como nos conhecemos.
Hipóteses validas se vivêssemos com o copo na mão.
Se todas as noites tivessem show.
Se toda a fumaça trouxesse euforia,
E cada despedida durasse sete almoços.

Sem Motivos

Bom, celebro a vida todo s os dias.
Em cada companhia,
Nos sorrisos sem motivos.
Por todos os amigos que encontro
E por um “eu” que contradiz.
Mas é feliz!
De repente, saber que se foram 23 invernos.
De noites frias, algumas aquecidas, outras sombrias.
Comi frutos fora da época.
Panhei flores amarelas só para vê-las como canção.
Ardi debaixo do sol, enquanto brincava e provocava.
Me assustei com folhas caindo, despistadas no colchão.
Sinto, em um beijo, as quatro estações.
Tantos anos, tantas comemorações.
Algumas foram ontem. E certas, apagadas.
Desse, vai ficar o cartão rabiscado, o abraço no carro e até o novo amanhecer talvez tenha algo mais.

Eternamente, ou até amanhã.

E ele disse aquelas palavras com medo de te-la perdido.
Tentou se defender, mas nunca a teve.
E o sempre não acabou.
Talvez ele não saiba, ou não quer acreditar,
Que sim, são iguais, mas não se pertencem.
Amam a si mesmo dentro do outro, e nada mais.
Estarão juntos, vão brigar e sorrir talvez até com mais intensidade.
Continuará havendo toques desconcertantes.
Serão em fim, aquilo que havia de ser, e um pouco a mais.
E aquilo que realmente tem em comum, esta sendo descoberto, aos poucos, enquanto abandonam a fantasia de ser um só.
Ela chorou quando ele disse não, se afogou no banheiro enquanto tinha certeza que ele estava pior.
Mas se alegrou, quando descobriu o amor de afeição e não de perdição.
O perfume que cabe num vidro escuro e quadrado trará sempre um bocado de paz, mas o que ela encontra na pele nunca vai deixar morrer a certeza de que cumpriram sua missão.
Se falhar a previsão, o que for derramado servirá apenas para fortalecer o pequeno conto de contos, cheio de faz de contas que criaram para se sustentar.
Não irão se perder, jamais.

Plagio Descarado

Odeio quando me protege e eu vejo como sou frágil.

Odeio o cheiro da sua pele, e como seu hálito me deixa boba.

Odeio quando fecho os olhos e ouço sua voz repetindo que me adora

Odeio ficar o dia todo esperando a hora de conversar contigo

Odeio quando viajamos na mesma coisa ao mesmo tempo

Odeio como eu não consigo não pensar em você

Odeio ter tantos motivos para inflar seu ego

Odeio quando não te encontro só para dizer o quanto eu estou feliz

Odeio não conseguir esconder o quanto eu te gosto.

E odeio o medo que eu tenho d
e te magoar.

.Idem

Ele tem o mesmo medo de machucá-la que a levou a dizer não.
Proteção recíproca, como se fossem predadores.
A despedida de cada encontro, sem fantasia, é tudo real.
Ela, se reprimindo para não jogar.
Ele, na ilusória tentativa de mostrar que não vale a pena.
Por serem iguais, e saberem.
Sentimentos que se satisfaz com a existência.
Ambição calada pelo medo de não ter.
Deviam não ter se conhecido.
Não ter se provado e aprovado.
Então não causariam a si mesmo a mesma dor.
Porem continuaria sendo o próprio remédio que quando se misturam se transforma em veneno.
Ele a quer feliz, o que ela nunca deixara de ser.
Ela o quer intacto, o que ele nunca voltara a ser.
Quando forem lembranças, essa ou a outra loucura, ainda serão um dentro do outro.
Duas versões de um mesmo alguém, com diferenças que equilibram e desorientam.

De Trás Pra Frente

E Vice
Exausta.
Farta.
Cansada.
Do mundo.
De mim.
Do resto.
Vazia.
Oca.
Abandonada.
Por defesa.
Por fora.
Por ninguém.
Maldita.
Sedenta.
Condenada.
De dor.
De paz
De amor.
Solta.
Liberta.
Devassa.
Versa

"Bad Trip"

Do amor, nomear dor.
Do desejo, chamar saudade.
Deixando sossegar no peito,
A vontade.
Antes, de não ser,
Depois, de acabar.
Se foi, sem nunca ter chegado.
Pode voltar, sem jamais ter partido.

Pele Pele Pele

Num abraço
Sentimento Despido.
Sem dobras ásperas sufocando a pele
Que se encaixa, se encontra, e deseja.
Num abraço
Vontade nua.
Sem cores para embaraçar os olhos
Que se fecham, se invadem.
E se encontram porque tentam não se vidrar.

Sensatez ( de dentro )

E eu não quero a vida num despertar assustado na noite fria. Fico com o sorriso incontido durante o beijo apaixonado.
Entre amigos, prefiro os passageiros de balada, a aqueles antigos por obrigação. Se dos companheiros fizer parceiros, ainda melhor.
Dos vícios, escolho a sede incontrolável de alguma boca, no desejo do corpo que só padece por não ter.
Da saudade, sinto só aquela que vem com igual veemência, a ao morrer renasce ainda que cedo.
Por família, considero os que guardam segredos e não genes semelhantes.
Com amor, eu não quero o perpetuo, ofereça o que me consome e acaba.
E depois volta, em outra forma.

Vida Antagônica

Veja,
Estou tentando com a ponta dos dedos, sutil, mas brutamente abrir seus olhos para ver que estamos do avesso.
Ouça.
O grito contido na minha garganta, pedindo socorro.
Deixamos exposto o que devia estar protegido, carne ao alcance de vermes famintos.
E inexplicavelmente colocamos pra dentro a capa que nos defendia. O metal, que reluz para confundir o inimigo.
Estamos do avesso, quando pelejamos para não ser o que todos se aventuram atingir.
Músculos a mostra e cicatrizes internas.
Olhe, será que você não percebe.
O mundo está do avesso.
Os carros e as arvores, nada do que vejo esta certo.
Só vai perceber quando o relógio girar ao contrario, afinal, essa é a única coisa com o qual realmente se preocupa.

A ti...

Entrego toda a força, posta nos pés para fugir com o medo em direção ao porto seguro.
Onde fica o conforto, a certeza que não deixa viver.
E de um relógio que marca sempre as mesmas horas, eu espero que me faça mudar de idéia.
Corra riscos. Por que não me lembro disso quando desvio do meu querer...

Fúnebre.

Me deixe nua, como cheguei.
Não gaste com caixas de madeiras que serão engolidas.
Quero o ar e não a terra para me cobrir.
Livre, deslacrada.
A beira do precipício, no mais profundo abismo, faça minha cova.
Sepulte apenas meu coração, o corpo é matéria substituída e a alma estará viajando com seus novos amigos.
Falecemos todos, um pouco, a cada manha quando não matamos a noite.
Se me cai lagrimas, algumas de dor são poucas pelas que derrubei por amor.
Não chore, estou bem, sempre estive.
Morta. Viva. E então. Viva. Morta.

Transcrito

Caminho com passos desusados.
Perdida entre atos e fatos.
Sem saber se a sorte sorri ou chora.
Confiando que palavras encontram o ritmo adequado.
E o que regurgitei caiu no meu colo, sendo aceito de bom agrado.
Divertindo com brinquedos quebrados.
E me sentindo feito bicho engaiolado, solto no mato.
Eu não sei, feito coração no isopor.
Acreditando que a amargura inspirava beleza.
Por isso deixava a vida ruir sob o comando do vento.
Mudar de todo lugar, sem me apegar.
Com amores agridoces. Tingidos de violeta.
Dos carinhos recebidos, fazer confete.
Para comemorar o que nunca senti.
Suprimir o amor que não entreguei.
E fazer poema, das palavras que ofereci.
Assinando os versos que nunca entendi.

Pó, fervido...

Ainda evoco seu nome.
Quando choro seu suor.
E seco sob sua respiração.
Ainda me oriento com suas palavras.
Quando as ouço em novas vozes
E falo no seu ouvido olhando em outros olhos
Ainda quero, meu eu dentro de ti,
Quando me encontro errada
Apenas pra te ver me fazendo certa.

Quem.

Por que o contrario de mim, sou eu mesma.
Desprotegida e imortal.
Guardada, subjugada.
Desenfreada.
Disparada em qualquer direção.
Ao vento, que sopra as chamas.
E alastra.
A dor, a paixão.
Sem argumentos para explicar a razão.
Que não se esclarece a não ser debaixo da lua.