Observo o céu pela janela embaçada, entre os rabiscos que
fiz vejo infinitos tons escuros manchados por raios claros e profundos, a chuva
cai devagar e os fones no ouvido trocam os trovões por um melodia envolvente e
misteriosa, trilha sonora perfeita para
um possível programa mal intencionado, mas não é o caso.
Ao meu lado, a melhor companhia que eu podia ter; minha
aflorada e desinibida imaginação, ora ocupada com as sombras no teto, ora
escrevendo cartas para quem não sabe ler, nem tão focada, muito menos
vigilante.
Fabrico motivos a me atordoar e tento me livrar deles com
poucas lembranças que guardo entre tantas fantasias.
Fecho os olhos e sorrio quando minha pele arrepia, assim que
os abro, já não lembro a razão.
Me desfaço para tentar entender e tento não mais pensar
nisso.
Viajar nunca é só percorrer caminhos, essas poltronas
desconfortáveis são ótimos divãs.
Estrada é terapia.
Viajar é ajeitar as palavras, rasurar, experimentar sinônimos
e descartar antônimos.
Levo a mala cheia de interrogações e desembarco cheia de reticências,
mudo de lugar algumas vírgulas e entre isso e aquilo acomodo minhas certezas.
O que já era indefinido volta em outro idioma, o desejo só aumenta,
a razão idem.
3 Rasuras:
As janelas por onde a vida apenas passa.
A vida, essa experiência traumática que nos força a nos medicarmos...e nos manter numa terapia. São as duas coisas pra mim u__u
Com certeza, estrada é terapia. Dá vontade de não chegar no destino, ficar embalado em nós mesmo com música e vida passando lá fora...
Gostei muito!
beijoo'o
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