Já morri quase dez mil vezes e continuo aqui;
Cansada de contar cada ocasião heróica que me envolvi sem
querer;
Sem notar mudanças ao mesmo tempo em que sou outra a cada
amanhecer.
O ar arde em meus pulmões e as mentiras reviram em minha
mente.
Os comprimidos dançam em minha língua e se dissolvem antes
que eu me lembre o porquê de tantas cápsulas.
Os amarelos fazem meu coração disparar, mas deixa os
músculos alheios a cobrança da consciência.
Os azuis me levam para onde eu quero estar, e o único
inconveniente são as vozes insistindo que eles me farão mal algum dia, dia esse
que ninguém sabe se vai chegar.
Aqueles begezinhos são para corrigir um deslize da natureza.
Tem uns pequeninos geralmente cor de rosa, que são
profiláticos, evitam dor de cabeça causada por serezinhos barulhentos, esses eu
quase não ingiro, não me caem bem.
As drágeas cor de laranja aliviam embora temporariamente a
pressão que força minha cara feia.
Já os branquinhos, há para todos os gostos; pequeninos
indicados para viagens no seu sentido literal, mas para mim metafórico. Os que
têm que ser partidos caso eu queira levantar no outro dia. Tem também aqueles
sonsos, mas que dão conta das lagartixas que devoram meu estomago.
Nem vou falar das cápsulas coloridas que promete me deixar
bonita, porém o que enxuga são meus bolsos.
Sempre que encontro um que seja realmente avassalador como
as gotinhas envoltas em uma misteriosa cinta negra, eles dão um jeito de me
tomarem ou controlam a posologia e eu não posso aproveitar as reações adversas.
2 Rasuras:
LOL Queria uns comprimidos também
E um que me deixasse bela.
Só acho que pra todos esses existe efeito colateral...
Emilie Escreve~
clap clap clap
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