Entre insistir e desistir


As horas tinham se arrastado até aquele momento,  mas então,  não precisava mais de relógios, não havia mais tempo.
Sustentava um sorriso sincero apesar das pernas bambas.
Canções baratas preenchiam o  curto silêncio entre um assunto e outro.                              
Confissões,  conselhos. Ou quase isso.                                      
Cinco taças depois, os olhos se rendiam às lágrimas repetidas,  já tinha mexido em todas as feridas e a verdade doía feito faca na carne.
A rejeição é insuportável.

Passado e futuro lutam bravamente , mas o presente está cansado de assistir.
Não quer jogar a toalha, precisa entrar no ringue (para bater ou perder).

Labaredas congeladas

O mede insiste em se manter imaculadamente próximo, mesmo com a reverberante verdade de que o perigo nunca esteve presente.

Fagulhas de arrependimento pairam sobre o ego.
Faíscas contidas aos poucos transformadas em brasas.
Álgido como há de ser a neve, escolhes então a morte como quem se cobre com seda ao desprezar as vestes rasgadas.

Sê então mórbido para com aquele que não teve nenhum entusiasmo.
A claridade incomoda os dias que parecem despertar de noites ébrias, Com ingratidão os olhos se fecham no mesmo rosto que outrora conteve risos histéricos.
Sigo como quem tenta fugir de si mesmo, em vão.

Parece Asma

Resmungam os pulmões enquanto se inflam para receber o ar que parece ter se perdido ao adentrar as narinas,  chega a doer o peito como se tivesse sofrido um ligeiro impacto,
O coração bombeia oscilante, não mais cultiva o prazer que outrora foi impulso da imaginação.
Me dê um gole d’água ou talvez um soco nas costelas. Me devolva o direito de respirar.